Entrei naquele quarto, que eu passara minha infância, lembranças doces, algumas amargas, mas nada se compara ao presente.
O quarto está vazio, mas ao mesmo tempo é como se você estivesse nele
Tem você em cada canto… Seja na cama me abraçando quando eu sentia medo
Seja na porta brigando comigo por alguma molecagem,
Na cadeira lendo um livro…
Em cada canto tem um pouco de você, no guarda-roupa tem seu cheiro
As suas manias de organização e limpeza estão na estante
Eu definitivamente odeio o silêncio, você bem sabe disso, afinal sempre te obrigava a ler pra mim antes de dormir.
E foi você que me ensinou a ler, cansada de ler historias infantis, me ensinou e ler e a escrever minhas próprias historias.
Agora eu leio e escrevo pra você, eu te
conto que é estranho entrar naquela casa e saber que no final do dia
você não vai voltar como sempre fazia
Não é a mesma coisa sem você.
Mais que o silêncio, eu odeio o vazio, o
vazio daquela casa, o vazio daquele quarto e o vazio que está no meu
coração, nele só tem a esperança de que você vai voltar
Aqui não é a mesma coisa sem você, eu sou diferente sem você.
O silêncio é ensurdecedor e me envolve no
jogo entre o real o irreal, me embala em lembranças que freqüentemente
se chocam com a realidade…
Que me mostra que o está quarto vazio e o livro de historia jogado na estante.
(Kira Fernandes)